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quarta-feira, 2 de junho de 2010

COMPORTAMENTO : TRANSTORNO DE HUMOR BIPOLAR



O que é?

O transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose maníaco-depressiva. Esse nome foi abandonado principalmente porque este transtorno não apresenta necessariamente sintomas psicóticos, na verdade, na maioria das vezes esses sintomas não aparecem. Os transtornos afetivos não estão com sua classificação terminada. Provavelmente nos próximos anos surgirão novos subtipos de transtornos afetivos, melhorando a precisão dos diagnósticos. Por enquanto basta-nos compreender o que vem a ser o transtorno bipolar. Com a mudança de nome esse transtorno deixou de ser considerado uma perturbação psicótica para ser considerado uma perturbação afetiva.
A alternância de estados depressivos com maníacos é a tônica dessa patologia. Muitas vezes o diagnóstico correto só será feito depois de muitos anos. Uma pessoa que tenha uma fase depressiva, receba o diagnóstico de depressão e dez anos depois apresente um episódio maníaco tem na verdade o transtorno bipolar, mas até que a mania surgisse não era possível conhecer diagnóstico verdadeiro. O termo mania é popularmente entendido como tendência a fazer várias vezes a mesma coisa. Mania em psiquiatria significa um estado exaltado de humor que será descrito mais detalhadamente adiante.
A depressão do transtorno bipolar é igual a depressão recorrente que só se apresenta como depressão, mas uma pessoa deprimida do transtorno bipolar não recebe o mesmo tratamento do paciente bipolar.
Características
O início desse transtorno geralmente se dá em torno dos 20 a 30 anos de idade, mas pode começar mesmo após os 70 anos. O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, iniciando gradualmente ao longo de semanas, meses ou abruptamente em poucos dias, já com sintomas psicóticos o que muitas vezes confunde com síndromes psicóticas. Além dos quadros depressivos e maníacos, há também os quadros mistos (sintomas depressivos simultâneos aos maníacos) o que muitas vezes confunde os médicos retardando o diagnóstico da fase em atividade.
 
Como identificar o humor
Após um diagnóstico positivo do THB (Transtorno de Humor Bipolar), entra a segunda parte, a mais difícil, com o paciente que pode estar incapacitado e seus familiares, saber se está ou não em surto, é uma dificuldade constante para o portador de THB. A preocupação por amplos setores da saúde e da sociedade em geral, em especial a saúde mental, é o de garantir o bem estar dos portadores do transtorno, e impedir a incapacitação dos "doentes".
Nem sempre os sintomas maníacos ou depressivos são bem claros. Até mesmo quem convive com um paciente bipolar sente dificuldade em distinguir uma aflição comum da depressão, ou sua alegria da euforia patológica. A doença é de difícil diagnóstico, mesmo para profissionais da saúde, que acompanhem há um longo tempo o paciente.
Com a implantação dos hospitais-dia, reuniões com parentes e pacientes, a evolução está sendo suprida. O paciente deveria ser o maior sabedor das coisas que envolvem a doença para conseguir controlá-la.
Sintomas da depressão
O individuo deprimido em geral se sente abatido, quieto e triste. Pode dormir muito, como uma fuga do convívio, reclamar de cansaço em tarefas simples como escovar os dentes, apresentar traços de baixa auto-estima e de sentimentos de inferioridade. Demonstra pouco interesse pelos acontecimentos e coisas e pode se isolar da família e amigos.
O indivíduo pode se sentir, nesta fase, culpado por erros do passado, e fracassos em sua vida e de seus familiares. Pode haver irritabilidade, lamentos, e auto-recriminação.
Pode haver um distúrbio do apetite, tanto para aumentá-lo, como para diminuí-lo. O deprimido pode apresentar queda na sua imunidade, o que deixa mais predisposto a contrair doenças. Em alguns casos a depressão pode manifestar de forma psicossomática e o indivíduo pode apresentar algumas doenças de causa psicológica, que normalmente se caracterizam por dores pelo corpo ou cabeça.
Há uma queda da libido e o indivíduo se afasta de seu companheiro, se o possuir.
É comum nesta fase pensamentos suicidas, uma vez que o indivíduo se sente mal em sua vida e sem energia para mudá-la. A conseqüência mais grave de uma depressão pode ser a concretização do suicídio.
Sintomas da Euforia (Mania)
Na fase eufórica o indivíduo pode apresentar sentimentos de grandiosidade, poderes além dos que possui e grande entusiasmo. O indivíduo passa a dormir pouco, tornar-se agitado.
Pode falar muito, ter muitas idéias ao mesmo tempo.
Há uma alteração na libido e o indivíduo tem um aumento do desejo sexual.
O indivíduo perde a inibição social, podendo passar por situações vexatórias por falta de senso crítico.
Nesta fase é comum os indivíduos se endividarem ou perderem muito dinheiro, comprometendo até bens de família. Durante os delírios de grandeza os gastos são muito acima do que sua realidade permitiria. Devido ao grande otimismo, é possível que o indivíduo empreste dinheiro a pessoas a quem mal conhece, e que podem estar aproveitando-se da situação.
São comuns manias como perseguição, realização de sonhos (reformas, viagens, compras) que a primeira vista podem até parecer normal.
No tipo de THB com surtos psicóticos, é comum nesta fase que o paciente tenha alucinações e delírios de grandeza.

Achados clínicos – como identificar:

Mania:
- humor para cima, exaltação, alegria exagerada e duradoura; irritabilidade (impaciência, “pavio curto”);
- agitação, inquietação física e mental;
- aumento da energia, da produtividade ou começar muitas coisas e não conseguir terminar;
- pensamentos acelerados, tagarelice;
- achar que possui dons ou poderes especiais de influência, grandeza e poder;
- otimismo e autoconfiança exagerados;
- aumento dos gastos, endividamentos;
- distração fácil: tudo desvia a atenção;
- maior contato social e desinibição, comportamento inadequado e provocativo, agressividade física e/ou verbal;
- erotização, aumento da atividade e necessidade sexuais;
- insônia, redução da necessidade de sono;
- quando grave, ocorrem delírios e/ou alucinações. estressores precedem, mais freqüentemente, os primeiros episódios de Transtorno do Humor e poderiam provocar alterações nos estados funcionais de vários sistemas neurotransmissores e sinalizadores intraneurais. Dificuldades financeiras, doença na família, perda de uma pessoa importante, uso de drogas entre outros, podem contribuir para o desencadeamento da doença.
Depressão:
- humor para baixo, tristeza, angústia ou sensação de vazio;
- irritabilidade, desespero;
- pouca ou nenhuma capacidade de sentir prazer e alegria na vida;
- cansaço mais fácil, desânimo, preguiça, falta de energia física e mental;
- falta de concentração, lentidão do raciocínio, memória ruim;
- falta de vontade, falta de iniciativa e interesse, apatia;
- pensamentos negativos repetidos amplificados, pessimismo, idéias de culpa, fracasso, inutilidade, falta de sentido na vida, doença, morte (suicídio);
- sentimentos de insegurança, baixa auto-estima, medo;
- interpretação distorcida e negativa do presente, de fatos ocorridos no passado e no futuro;
- redução da libido e vontade de ter sexo;
- perda ou aumento de apetite e/ou peso;
- insônia ou dormir demais, sem se sentir repousado;
- dores ou sintomas físicos difusos, sofridos, que não se explicam por outras doenças: dor de cabeça, nas costas, no pescoço e nos ombros, sintomas gastrointestinais, alterações mentruais, queda de cabelo, dentre outros;
- em depressões graves, alucinações e/ou delírios.
Para fazer o diagnóstico, bastam sintomas dos três primeiros itens e, pelo menos, dois dos demais.

Tratamento
O distúrbio bipolar é uma patologia que acomete cerca de 1,6% da população hoje em dia. No entanto, hoje é tratável. As alarmantes trocas bruscas de humor, todavia, podem ser controladas pelos medicamentos conhecidos. O tratamento com carbonato de lítio é o mais antigo e ainda em uso, e hoje há significativos progressos no estudo de novos tratamentos com poucas, mas significativas novas medicações introduzidas na medicina nos últimos tempos.
Equivocada é a idéia de que a bipolaridade seria estar hiper contente pela manhã, triste à noite  e com um sentimento médio à tarde. Tal idéia não traduz a bipolaridade. Na verdade a bipolaridade pode vir a se manifestar nos dois pólos da doença: depressão e mania. Hoje há remédios de última geração que controlam com sucesso qualquer alteração de humor para esses dois pólos da doença. Geralmente são antidepressivos e o tratamento mais antigo, o carbonato de lítio . Os portadores da bipolaridade geralmente são pessoas que se destacam nas atividades que exercem, principalmente no que condiz à arte (Mozart, Van Gogh, Vivien Leigh, Schumman, Jaco Pastorius) e à política (W. Churchill, Ulisses Guimarães).
Com o uso de medicamentos adequados e de apoio psicológico, é perfeitamente possível atravessar períodos indefinidamente longos de saúde e ter vida plena.
O tratamento exige acompanhamento profissional, o uso fiel e bem monitorado dos medicamentos adequados e o comprometimento do paciente em buscar para si uma vida melhor. O apoio e a compreensão da família ou de amigos chegados são de grande valia ao doente.
 Terapia ocupacional
A partir de conceitos do CID-10 o tratamento da bipolaridade não só trocou de nome (PMD – Psicose Maníaco-Depressiva do CID X ) mas, também há precoce tratamento aos pacientes crônicos em hospitais-dia, onde se fazem terapias ocupacionais durante o dia e, à noite, os pacientes voltam ao convívio de suas famílias. Se só o nome já assustava, imagine-se a situação em que o bipolar comunica sua patologia a um leigo dizendo que tem psicose maníaco-depressiva. Seu interlocutor pensará que é um louco sem controle ao ouvir esses termos.
São pessoas úteis à comunidade em que vivem, mas que podem ser marginalizadas pela patologia que apresentam. Se bem tratados e acompanhados psicologicamente mais de perto, vivem uma vida normal e têm, ainda, a possibilidade de render mais em certos setores.
Como controlar
Regularmente
  • Acompanhamento médico e psicoterápico
  • Uso da medicação prescrita conforme recomendação médica.
  • O uso da medicação é particularmente importante porque é muito comum o paciente de bipolaridade interromper a terapia medicamentosa. A interrupção no uso do medicamento recomendado, via de regra, desencadeia novos episódios da conduta característica a essa condição: estados de depressão mais intensa e maior exaltação na euforia
  • Restrição ao uso de álcool, drogas e cafeína
  • Vida saudável com horas de sono suficientes e em horário regular, alimentação equilibrada e atividade física adequada
Exemplo de como um paciente se sente

...Ele se sente bem, realmente bem..., na verdade quase invencível. Ele se sente como não tendo limites para suas capacidades e energia. Poderia até passar dias sem dormir. Ele está cheio de idéias, planos, conquistas e se sentiria muito frustrado se a incapacidade dos outros não o deixasse ir além. Ele mal consegue acabar de expressar uma idéia e já está falando de outra numa lista interminável de novos assuntos. Em alguns momentos ele se aborrece para valer, não se intimida com qualquer forma de cerceamento ou ameaça, não reconhece qualquer forma de autoridade ou posição superior a sua. Com a mesma rapidez com que se zanga, esquece o ocorrido negativo como se nunca tivesse acontecido nada. As coisas que antes não o interessava mais lhe causam agora prazer; mesmo as pessoas com quem não tinha bom relacionamento são para ele amistosas e bondosas.
Generalidades
Entre uma fase e outra a pessoa pode ser normal, tendo uma vida como outra pessoa qualquer; outras pessoas podem apresentar leves sintomas entre as fases, não alcançando uma recuperação plena. Há também os pacientes, uma minoria, que não se recuperam, tornando-se incapazes de levar uma vida normal e independente.
A denominação Transtorno Afetivo Bipolar é adequada? Até certo ponto sim, mas o nome supõe que os pacientes tenham duas fases, mas nem sempre isso é observado. Há pacientes que só apresentam fases de mania, de exaltação do humor, e mesmo assim são diagnosticados como bipolares. O termo mania popularmente falando não se aplica a esse transtorno. Mania tecnicamente falando em psiquiatria significa apenas exaltação do humor, estado patológico de alegria e exaltação injustificada.
O transtorno de personalidade, especialmente o borderline pode em alguns momentos se confundir com o transtorno afetivo bipolar. Essa diferenciação é essencial porque a conduta com esses transtornos é bastante diferente.
REFERÊNCIAS:

DEPOIMENTOS

VIDEO 1

VIDEO 2


VIDEO 3

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