SÍNDROME DO PÂNICO
Antes de contar a minha história vamos
conhecer um pouco sobre a Síndrome do Pânico , seus sintomas , causas e o
efeito que ela provoca na vida de quem a desenvolve.
O QUE É SÍNDROME DO PÂNICO?
A
síndrome do pânico é um tipo de transtorno de ansiedade no qual ocorrem ataques
repetidos de medo intenso de que algo ruim aconteça de forma inesperada.
Quem padece de
síndrome do pânico sofre durante as crises e ainda mais nos intervalos entre
uma e outra, pois não faz a menor ideia de quando elas ocorrerão novamente, se
dali a cinco minutos, cinco dias ou cinco meses. Isso traz tamanha insegurança
que a qualidade de vida do paciente fica seriamente comprometida.
Os
ataques de pânico podem incluir ansiedade por estar em uma situação da qual
seria difícil escapar (como estar no meio de uma multidão ou viajando em um
carro ou ônibus).
Uma pessoa
com síndrome do pânico muitas vezes vive com medo de ter outro ataque e também
pode ter medo de estar sozinho ou longe da ajuda médica.
No Brasil, cerca de 1% da população tem um ataque
de pânico por ano e 5% dos adultos relatam já terem tido pelo menos um
ataque de pânico na vida, 1% deles acompanhado de Agorafobia.
CAUSAS:
O sistema de
"alerta" normal do organismo — o conjunto de mecanismos físicos e
mentais que permite que uma pessoa reaja a uma ameaça — tende a ser
desencadeado desnecessariamente na crise de pânico, sem haver perigo iminente real.
Pessoas ansiosas são mais suscetíveis ao problema do que outras, o que envolve
tanto fatores genéticos quanto aprendidos na convivência familiar, escolar e
social. Entretanto, muitas pessoas que desenvolvem este transtorno mesmo sem
ter nenhum antecedente familiar.
O cérebro produz
substâncias chamadas neurotransmissores
que são responsáveis pela comunicação que ocorre entre os neurônios (células do sistema nervoso). Estas comunicações
formam mensagens que irão determinar a execução de todas as atividades físicas
e mentais de nosso organismo (ex: fome, sono, prazer, tristeza, etc). Um
desequilíbrio na produção destes neurotransmissores pode levar algumas partes
do cérebro a transmitir informações e comandos incorretos. Isto é exatamente o
que ocorre em uma crise de pânico: existe uma informação incorreta alertando e
preparando o organismo para uma ameaça ou perigo que na realidade não existe. É
como se tivéssemos um despertador que passa a tocar o alarme em horas
inapropriadas.
SINTOMAS
O transtorno do pânico é caracterizado por crises
súbitas frequentemente incapacitantes e recorrentes. Os sintomas físicos de uma
crise de pânico aparecem subitamente, sem causas aparentes ou por meio de
ansiedade excessiva motivada por estresse, perdas, aborrecimentos ou
expectativas. Depois de ter uma crise de pânico a pessoa pode desenvolver medos
irracionais, chamados Fobias , dessas situações e começar a evitá-las.
As
pessoas com síndrome do pânico têm pelo menos quatro dos seguintes sintomas
durante um ataque:
- Dor
no Peito ou desconforto
- Tontura
ou desmaio
- Medo
de morrer
- Medo
de perder o controle ou de uma tragédia iminente
- Sensação
de engasgar
- Sentimentos
de indiferença
- Sensação
de estar fora da realidade
- Náuseas
ou mal-estar estomacal
- Dormência
ou formigamento nas mãos, nos pés ou no rosto
- Palpitações,
ritmo cardíaco acelerado ou taquicardia
- Sensação
de falta de ar ou sufocamento
- Suor,
calafrios ou ondas de calor
- Tremores
Os
ataques de pânico podem alterar o comportamento em casa, na escola ou no
trabalho. As pessoas com a síndrome do pânico muitas vezes se preocupam com os
efeitos de seus ataques de pânico.
A agorafobia surge
quando o medo de futuros ataques de pânico leva alguém a evitar situações ou
lugares que acredita que causem os ataques. Isso pode levar a pessoa a
restringir muito os lugares aonde vai ou suas relações pessoais.
TRATAMENTO:
Marque
uma consulta com o médico se os ataques de pânico estiverem interferindo em seu
trabalho, relações ou autoestima.
O
objetivo do tratamento é ajudar você a agir normalmente na vida cotidiana. Uma
combinação entre medicamentos e terapia cognitivo-comportamental (TCC) funciona
melhor.
A dependência de
medicamentos contra ansiedade é uma possível complicação do tratamento. A
dependência envolve a necessidade de um medicamento para poder agir normalmente
e para evitar sintomas de abstinência. Não
é o mesmo que vício.
REAÇÃO DA FAMILIA E SOCIEDADE:
O pânico, como
todas as doenças psiquiátricas , não dá pintas vermelhas na cara como o sarampo
nem 39º C de febre. Por isso, é muito comum a família entendê-lo como uma forma
de fraqueza moral e de falta de personalidade e reagir da seguinte maneira: “Eu
também não gosto de trânsito, mas vou trabalhar todos os dias”.
Por isso, é de
importância fundamental a conscientização da família. Grupos de auto-ajuda,
livros sobre o assunto ou mesmo a internet podem ser úteis para que os
familiares entendam a natureza da doença. O mal-estar que o paciente
experimenta num congestionamento é muito diferente do desconforto que qualquer
um de nós possa sentir. Por outro lado, o excesso de compreensão pode favorecer
a esquiva fóbica, e a pessoa não sai mais de casa nem para ir à padaria. Na
verdade, a agorafobia cresce com os bons cuidados. A família deve incentivar a
atividade do doente. “Eu sei que você não se sente bem, mas é importante continuar
indo à escola”, ou “Se você conseguisse ir ao clube, ir trabalhar e não pedisse
demissão seria melhor para sua autoestima” são estímulos importantes para os
pacientes com síndrome do pânico.
Repouso é bom para
gripe. Para doenças crônicas como depressão e pânico que muitas vezes a pessoa
carrega pela vida afora, o pior é ficar em casa repousando. O certo é levar
vida o mais normal possível apesar das dificuldades.
Então se você tem
em sua família ou amigos que desenvolveram essa síndrome, procurem compreender
que muitas atitudes e soluções que seriam fácil para você executar para o
portador da síndrome é extremamente difícil, não é “frescura” , fraqueza ou
falta de força de vontade... é simplesmente medo de não ser mais capaz de ter
uma vida normal.
Além do tratamento
recomendado pelos profissionais de saúde o principal remédio que o portador da
síndrome necessita é de amor, compreensão , incentivo e segurança daqueles que
são considerados importantes em sua vida. Portanto não o abandone, mesmo que a vontade
dele seja de ficar sozinho.
Falo por
experiência própria.
DEPOIMENTO:
Sempre fui uma pessoa ativa e
independente, que adorava festas, estar
cercada de pessoas. Até que um dia percebi que estas situações, às quais estava
habituada, começaram a surtir efeitos desagradáveis em meu corpo, causando
taquicardias, sudoreses e até desmaios sem motivos aparentes... Mas como não
eram frequentes , Não dei muita importância , porque achava que seria por causa
de um calor excessivo, ou mal estar momentâneo, enfim...
Em 2011, fui submetida a uma situação que me
levou a um nível de estresse e Profundo sentimento de dor e impotência, quando
engravidei e por um erro médico, que furou o saco gestacional durante um exame
(não sabia da gravidez e nem a médica suspeitou durante o procedimento) e mesmo
com a quase hemorragia que tive após esse exame, o feto permaneceu lá e
desenvolveu normalmente até os 5 meses de gestação. Foi quando comecei a sentir a perda de
líquido, provavelmente com o crescimento do bebê o furo do saco gestacional
também aumentou possibilitando a perda de todo o líquido amniótico da bolsa . E mesmo com todos os cuidados e tratamentos, o Bebê não resistiu e
veio a óbito. Foi um choque para mim. Meu mundo desmoronou, todo o sonho de
formar uma família com a pessoa que eu amava , veio por terra. Além do
sofrimento emocional, ainda fui submetida a dor física, por ter que passar por
um parto normal estimulado por medicamentos e sem nenhum médico para
acompanhar, internada em um Hospital Público de péssima qualidade, sem nenhum
cuidado, fora o de minha mãe que não saiu do meu lado em momento algum. Foi
muito chocante tudo isso. E contar isso hoje a vocês está me fazendo reviver
aqueles dias de horror, mas de certa forma hoje já consigo falar Sobre o assunto
sem que me cause tanta angústia quanto antes. Afinal a vida tem que seguir seu
curso.
Depois desse fato tudo desandou na minha
vida... até que resolvi levantar a cabeça e seguir em frente. No final deste
ano mais uma rasteira , minha mãe
teve o segundo AVC e mais uma vez fui
submetida a uma situação de medo incontrolável de perde-la , uma vez que ela é
tudo que tenho nessa vida.
Meu corpo começou a dar sinais de que havia
algo de errado, porque comecei a sentir os sintomas do pânico com mais
frequência... mas logo consegui um novo trabalho e ocupei a mente... não dei a
atenção devida aos sinais que se apresentaram.
Dois anos se passaram e em 2013, sai do
trabalho, no dia seguinte minha mãe fez uma cirurgia , a qual foi muito
demorada, sem notícias, o medo se apresentou novamente e a partir daí surgiu o
gatilho para a Síndrome do pânico se manifestar de fato.
Fui acometida de um pavor de sair de casa, de
enfrentar lugares com muita gente e pior ainda , de executar tarefas habituais
do meu cotidiano. Passei a não sair mais de casa desacompanhada, e mesmo com
alguém do lado, começava a sentir os sintomas da pânico e era desesperador. Só
sentia vontade de fugir dali e voltar para o meu quarto. Chorava , chorava e
uma sensação de impotência se apoderava de mim, me deixando sem saber como
agir. O que começou a interferir na minha vida conjugal , social e
profissional.
Foi quando assisti a uma entrevista de um
portador da síndrome , que não saia de casa há 10 anos ... e quanto mais ele
contava sua história mais me identificava com ele, chorei muito, olhei pro meu
marido na época e disse a ele: É isso que sinto!
Ele passou a compreender melhor o que se
passava comigo.
A partir daí decidi procurar ajuda médica,
marquei consulta com um psiquiatra, que me passou o tratamento, que comecei de
imediato. Algum tempo depois já comecei a sair de casa com mais tranqüilidade,
embora ainda acompanhada, voltei a dirigir (o que se tornou impossível no ápice
da crise), aos poucos fui retomando as rédeas da minha vida, e a muito custo e
força de vontade recomecei a realizar as minhas atividades habituais. Voltei a
trabalhar, a pegar ônibus sozinha, a sair para festas e até ir sozinha à praia
, o que sempre adorei fazer. Não foi fácil, mas comecei a aprender a lidar com tudo isso.
Ouvi muito que isso era frescura, que eu
tinha que ser forte, que se não enfrentasse não passaria.... Muito fácil falar
e solucionar os problemas alheios, quem não os estão sentindo na pele. Mas não
os culpo, afinal nem todos têm o conhecimento sobre a síndrome e como agir com
pessoas que a possuem.
O que importa é que hoje estou aqui de pé e
com muita Fé em Deus , que sempre me guiou por entre os caminhos tortuosos que
se apresentaram na minha vida, compartilhando com vocês essa minha história com o intuito de
ajudar àqueles que também passam por
esse problema e não sabem como agir. Saibam que vocês não são os únicos a sentirem
isso , essa Síndrome não é loucura, é
uma doença sim que precisa ser tratada por um profissional sério , sobretudo a
iniciativa tem que partir de você mesmo.
Força e Fé que você também consegue... assim
como eu!!!
Alessandra Lemos